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2012 - Livro Vermelho 2013

Allagoptera arenaria (Gomes) Kuntze LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 11-04-2012

Criterio:

Avaliador: Pablo Viany Prieto

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Allagoptera arenaria é amplamente distribuída ao longo da costa Atlântica, onde ocorre em formações abertas de restinga. A espécie é localmente abundante, cresce clonalmente e é capaz tanto de germinar na areia nua quanto de rebrotar após distúrbios, como incêndios. Está representada em algumas unidades de conservação (SNUC).

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Allagoptera arenaria (Gomes) Kuntze;

Família: Arecaceae

Sinônimos:

  • > Allagoptera pumila ;
  • > Cocos arenaria ;
  • > Diplothemium arenarium ;
  • > Diplothemium littorale ;
  • > Diplothemium maritimum ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Espécie descrita na obra Rev. Gen. Pl. 2: 726. 1891. Conhecida popularmente como "caxandó", "coco-de-praia", "guriri", "buriri", "buri-de-praia", "pissandó" e "purunã" (Lorenzi et al., 2010)

Potêncial valor econômico

​A espécie é cultivada para fins comerciais. Maunder et al. (2001) identificaram a presença da espécie em 16 diferentes estabelecimentos comerciais que vendiam a espécie, de um total de 124, sendo a grande maioria na Europa.

Dados populacionais

Menezes; Araújo (2000) amostraram um total de 859 indivíduos da espécie em aproximadamente 700 m² na restinga de Marambaia, RJ. Os autores ainda afirmam que a área total de ocorrência da espécie nessa localidade é de cerca de 3 km. Cirne et al. (2003) contabilizaram 227 indivíduos em uma faixa de aproximadamente 200 m de comprimento e 70 de largura na Reserva Ecológica de Jacarepiá, em Saquerema, RJ, representando a mais frequência relativa e maior percentual de cobertura vegetal da área. Já Montezuma; Araújo (2007), registraram a presença de 329 indivíduos em 1 ha (44% da área vegetada) de área de restinga inundável do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, RJ. Arimura et al. (2007) encontraram 291 indivíduos em 29 ilhas de vegetação selecionadas aleatoriamente no Parque Estadual Paulo César Vinha, Guarapari, ES, o qual compreende uma área de 1500 ha. Também em Guarapari, mais precisamente na Área de Proteção Ambiental de Setiba, Thomazi (2009) amostrou 39 indivíduos em uma área dotal de estudo de 5.000 m². Em São João da Barra, RJ, Rocha et al. (2009) contabilizaram 166 indivíduos adultos em 6250 m² de área amostrada.

Distribuição

A espécie ocorre na Mata Atlântica, desde o Estado do Paraná até o Sergipe, passando por São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia (Leitman et al., 2012)

Ecologia

Espécie subarbustiva, terrícola (Leitman et al., 2012), com caules múltiplos ou simples, subterrâneos ou muito curtos, formando densas colônias, com frutos contendo polpa muito aromática e adocicada (Lorenzi et al., 2010). Os mesmos autores afirmam que a espécie cresce em pleno sol, mas também se adapta a meia-sombra. Menezes; Araújo (2004) classificaram a forma de vida da espécie como geófita rizomatosa. Floresce durante todo o ano, sendo a floração mais concentrada nos meses de junho e julho (Sylvestre et al., 1989). Trabalhos de Cirne et al. (2003) e de Menezes; Araújo (2004), entre outros, mostraram que a espécie é altamente resistente a queimadas, apresentando valores superiores a 95% de capacidade de rebroto. Isso pelo fato de as gemas principais não serem afetadas pelas queimadas.

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes O estudo conduzido por Rocha et al. (2007) mostrou que em uma matriz, mapeada por satélite, de 104.095,51 ha apenas 60.516,20 são remanescentes de restinga.

Ações de conservação

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: A espécie foi considerada "Deficiente de Dados" (DD) na Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 2.

4.1 Maintenance/Conservation
Situação: on going
Observações: Rocha et al. (2007) amostraram 21 áreas remanescentes de restinga no Estado do Rio de Janeiro, sendo que a maior entre elas foi Jurubatiba com área total de 25.141 ha e uma área de 23.884 ha após subtraída a área degradada.

5.7 Ex situ conservation actions
Situação: on going
Observações: Segundo Maunder et al. (2001), exemplares da espécie podem ser encontradas em dez jardins botânicos de um total de 35 em 20 diferentes países.

5.7.1 Captive breeding/Artificial propagation
Situação: on going
Observações: A espécie é cultivada no Jardim Botânico Plantarum (Instituto Plantarum, 2011).

Usos

Referências

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- RAFAEL DALMASCHIO THOMAZI. Evidências Estruturais para Conservação das Comunidades Arbustivo-Herbáceas na Área de Proteção Ambiental de Setiba, Guarapari, ES. Dissertação de Mestrado. Vila Velha, ES: Centro Universitário Vila Velha, 2009.

- LEITMAN, P.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L. ET AL. Arecaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/>. Acesso em: 13 março 2012.

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- MONTEZUMA, R. D. M.; ARAUJO, D. S. D. Estrutura da Vegetação de uma Restinga Arbustiva Inundável no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro. Pesquisas, Botânica, n. 58, p. 157-176, 2007.

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- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

Como citar

CNCFlora. Allagoptera arenaria in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Allagoptera arenaria>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 11/04/2012 - 19:42:12