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2012 - Livro Vermelho 2013

Quillaja brasiliensis (A.St.-Hil. & Tul.) Mart. EN

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 06-08-2012

Criterio: B2ab(ii,iii,iv,v)

Avaliador: Luiz Antonio Ferreira dos Santos Filho

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Quillaja brasiliensis, conhecida popularmente como saboneteira e pau-sabão, caracteriza-se por árvores, terrícolas. Apresenta síndrome de polinização entomófila e dispersão zoocórica e/ou anemocórica. Não endêmica do Brasil, ocorre nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. É restrita aos Pampas Sulinos e Mata Atlântica, onde é encontrada em Floresta Ombrófila Densa e Floresta Ombrófila Mista. Apresenta AOO de 36 km² e está sujeita a quatro situações de ameaça: é utilizada na produção de vacinas contra o herpes, vírus bovino do tipo um; sua madeira é bastante explorada devido ao alto valor comercial; expansão urbana desordenada e prática de atividades agropecuárias. Conhecida por escassas coleções científicas, foi coletada pela última vez em 2010, no município de Cerro Negro (SC). Apesar de protegida pela RPPN Leão da Montanha, a espécie ocorre em biomas intensamente antropizados, e é bastante utilizada na medicina veterinária, construção civil, carpintaria, como lenha e na produção de carvão. Além disso, seu néctar e pólen têm valor apícola. Os indivíduos velhos apresentam cerne preto e, portanto, de alto valor comercial. Devido à sua intensa exploração, o número de indivíduos em suas subpopulações tem sido reduzido, porém não há informações específicas sobre esse quesito. São necessários investimentos em pesquisa científica e esforços de coleta a fim de certificar a existência de novas subpopulações, considerando sua viabilidade populacional e sua proteção, além da elaboração de um plano de manejo adequado que viabilize a exploração da espécie.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Quillaja lancifolia D.Don;

Família: Quillajaceae

Sinônimos:

  • > Quillaja brasiliensis ;
  • > Fontenellea brasiliensis ;
  • > Quillaja sellowiana ;
  • > Quillaja lanceolata ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Syst. Mat. Med. Bras. 127. Espécie caracteriza-se pela sua casca escura e folhagem persistente; folhas lanceoladas a oblongo lanceoladas, alternas, com 5 a 10 cm de comprimento e 1 a 1,5 cm de largura, de cor verde escura na face superior e verde amarelada na face inferior; flores dispostas em corimbos axilares de aproximadamente 12 mm de diâmetro, pediceladas, com cálice tomentoso exteriormente; frutos formados por cinco folíolos dispostos na forma de estrela, conatos na base e tomentosos (Fleck, 2007). Nomes populares: "saboneteira" (Almeida et al., 2008), "pau-sabão" (Watzlawick et al., 2005).

Potêncial valor econômico

Utilizada para fins medicinais veterinários (Fleck, 2007); também na construção civil (Mattei, 1995) e apicultura (Wolff et al., 2009).

Dados populacionais

Em estudo fitossociológico em floresta ombrófila mista montana, no município de General Carneiro no estado do Paraná, foi amostrado apenas um indivíduo em uma área de 144 m² (Watzlawick et al., 2005). Em floresta mista no município de Encruzilhada do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul, foram amostrados três indivíduos em uma área de 0,3 ha (Giongo; Waechter, 2007). Em estudo da estrutura do componente arbóreo em uma área de floresta ribeirinha na bacia do rio Piratini, no Estado do Rio Grande do Sul, esta espécie apresentou oito indivíduos por hectare (Soares; Ferrer, 2009).

Distribuição

Ocorre nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul (Sakuragui, 2012); também em Santa Catarina e São Paulo (Souza, com. pessoal).

Ecologia

Caracteriza-se por árvores de 7-15 m de altura, com 30-40 cm de diâmetro (Fleck, 2007); espécie apresenta síndrome de dispersão zoocórica e anemocórica (Almeida et al., 2008; Giongo; Waechter, 2007); floresce de fevereiro a março, apresenta frutos maduros de abril a junho (Mattei, 1995).

Ameaças

1.1.4.2 Small-holder
Severidade medium
Detalhes Os campos nativos do bioma Pampa, onde a espécie ocorre, vêm sendo rápida e progressivamente degradados nas últimas décadas devido ao sobrepastejo e a práticas inadequadas de manejo. Além disso, esses ecossistemas são muito pouco representados em unidades de conservação (Overbeck et al., 2009).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Espécie considerada "Vulnerável" (VU) pela Lista vermelha da flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995).

4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: Espécie ocorre em Unidade de Conservação: RPPN Leão da Montanha, no Estado de Santa Catarina (CNCFlora, 2012).

Usos

Referências

- MATTEI, V.L. Efeitos do período de colheita na longevidade de sementes de Timbuva (Quillaja brasiliensis Martius)., Revista Brasileira de Agrociências, Universidade Federal de Pelotas, p.133-136, 1995.

- SAKURAGUI, C.M. Quillaja brasiliensis in Quillaja (Quillajaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB108400>.

- RIBEIRO, R.C. Quillajaceae. In: STEHMANN, J.R.; FORZZA, R.C.; SALINO, A. ET AL. Plantas da Floresta Atlântica. p.446, 2009.

- ALMEIDA, S.R.; WATZLAWICK, L.F.; MYSZKA, E.; VALERIO, A.F. Florística e síndromes de dispersão de um remanescente de Floresta Ombrófi la Mista em sistema faxinal., Ambiência - Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual do Centro-Oeste, p.289-297, 2008.

- WATZLAWICK, L.F.; SANQUETTA, C.R.; VALÉRIO, A.F.; SILVESTRE, R. Caracterização da composição florística e estrutura de uma Floresta Ombrófila Mista, no município de General Carneiro (PR)., Ambiência - Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual do Centro-Oeste, p.229-237, 2005.

- FLECK, J.D. Constituição química, avaliação da atividade imunoadjuvante e estudos de propagação de Quillaja brasiliensis. Doutorado. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.

- GIONGO, C.; WAECHTER, J.L. Composição florística e espectro de dispersão das espécies arbóreas de uma floresta mista com Podocarpus, Rio Grande do Sul., Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, p.333-335, 2007.

- WOLFF, L.F.; GOMES, G.C.; RODRIGUES, W.F. Fenologia da Vegetação Arbórea Nativa visando a Apicultura Sustentável para a Agricultura Familiar da Metade Sul do Rio Grande do Sul., Revista Brasileira de Agroecologia, p.554-558, 2009.

- SOARES, L.R.; FERRER, R.S. Estrutura do componente arbóreo em uma área de floresta ribeirinha na bacia do rio Piratini, Rio Grande do Sul, Brasil., Biotemas, v.22, p.47-55, 2009.

- OVERBECK, G.E.; MÜLLER, S.C.; FIDELIS, A. ET AL. Os Campos Sulinos: um bioma negligenciado. In: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S.; JACQUES, A.V.A. Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. p.26-41, 2009.

- TABARELLI, M.; PINTO, L.P.; SILVA, J.M.C.; ET AL. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira., Megadiversidade, p.132-138, 2005.

- Base de Dados do Centro Nacional da Conservação da Flora (CNCFlora). Disponivel em: <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/>. Acesso em: 2012.

- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE/DEUTSCHE GESSELLSCHAFT TECHNISCHE ZUSAMMENARBEIT (SEMA/GTZ). Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná, Curitiba, PR, p.139, 1995.

Como citar

CNCFlora. Quillaja brasiliensis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Quillaja brasiliensis>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 06/08/2012 - 17:53:11