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2012 - Livro Vermelho 2013

Cariniana legalis (Mart.) Kuntze EN

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 25-05-2012

Criterio: A2cd

Avaliador: Pablo Viany Prieto

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Considerada a maior árvore da Mata Atlântica, Cariana legalis é amplamente distribuída no leste do Brasil. Os indivíduos da espécie apresentam tronco tipicamente colunar e podem atingir mais de 30 m de altura e 4 m de diâmetro, formando fustes de grande tamanho que se destacam em meio às árvores do dossel onde ocorrem. Além disso, C. legalis é uma espécie extremamente longeva, com indivíduos que podem atingir mais de 500 anos, e as subpopulações geralmente são compostas de vários indivíduos de grande porte, supostamente muito antigos. Dessa forma, o tempo de geração da espécie é estimado em cerca de 100 anos. Suspeita-se que C. legalis tenha sofrido com a exploração madeireira sistemática ao longos dos últimos séculos, devido à qualidade da sua madeira e ao tronco colunar de grandes dimensões, e que essa exploração ainda ocorra em algumas localidades. Além disso, por ocorrer em grande parte do bioma Mata Atlântica, a espécie vem sofrendo um forte declínio contínuo na qualidade e extensão do seu habitat ao longo de praticamente toda a sua distribuição. Dessa forma, é possível suspeitar que C. legalis tenha sofrido um declínio populacional de pelo menos 50% nos últimos 300 anos.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Cariniana legalis (Mart.) Kuntze;

Família: Lecythidaceae

Sinônimos:

  • > Cariniana brasiliensis ;
  • > Couratari legalis ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

A espécie é conhecida popularmente como jequitibá-rosa,jequitibá-vermelho, jequitibá-cedro, jequitibá-de-agulheiro, estopa,jequitibá-grande, pau-caixão, pau-carga, jequitibá-branco, congolo-de-porco ecaixão (Prance; Mori, 1979; Mori, 1995; Lorenzi, 2002). Possui proximidade morfológicacom Cariniana parvifolia S.A.Mori et al. sendo diferenciada por apresentar ângulos dos ramos dentro dacopa geralmente retos, casca interna avermelhada e fruto estreitandodo anelcalicino ao ápice (Mori 1995).

Potêncial valor econômico

Além da alta comercialização da madeira para utilização na construção civil e fabricação de móveis e outros utensílios, é dito que sua casca possui propriedade medicinais (Prance; Mori, 1979).

Dados populacionais

Em uma área amostradade 0,5 ha na cidade de Viçosa (MG) a representatividade da espécie foi de 1indivíduo com dap > 15 cm, o autor relata que nessa região a espécieé rara devido ao grande valor comercial (Silva et al., 2004). Em outro estudo realizado em Coqueiral (MG) em umaárea de 1ha a representatividade da espécie também foi de 1 indivíduo com CAP >15,7 cm (Rocha et al., 2005). Noestudo de Cielo Filho; Santini (2002) realizado em Campinas (SP) em área de 2haque passou por um reflorestamento em 1978, a representatividade da espécie foimaior com 73 indivíduos com PAP > 15 cm.

Distribuição

A espécie ocorre nos estados da Paraíba, Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Espirito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro (Smith et al. 2012).Apresenta dispersão irregular e descontínua, ocorre em grande densidade em algumas áreas e pouca densidade ou ausente em outras (Lorenzi, 2002).

Ecologia

Árvores de até 25 m de altura, hermafrodita,provavelmente polinizadas por abelhas de médio porte e apresentando dispersão através do vento (Ducke, 1948; Prance, Mori, 1979; Prance; Mori, 1998). Ocorre geralmente em interior de Floresta primária densa, tolerando tambem ambientes abertos (Lorenzi, 2002).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Severidade high
Detalhes A floresta Amazônica vemsofrendo ao longo dos anos intenso desmatamento, a área cumulativa desmatada naAmazônia legal brasileira chegou a cerca de 653 mil km², em 2003,correspondendo a 16,3%. Esse desmatamento vem sendo gerado por especulação deterras, crescimento das cidades, aumento na pecuária, exploração madeireira,agricultura familiar e para agroindústria, principalmente cultivo de sojae algodão (Fearnside, 2003; Alencar et al., 2004; Laurance et al.,2004; Ferreira et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Incidência national
Severidade high
Detalhes A Mata Atlântica vemsofrendo ao longo dos anos intensa retirada de cobertura vegetal nativa,degradação do solo e introdução de espécies exóticas, visando a utilizaçãodestas áreas para plantios e pastagens (Young, 2005)

Ações de conservação

1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: Vulnerável (VU). Lista Vermelha IUCN (2011).

5.7 Ex situ conservation actions
Situação: on going
Observações: Existe registro da ocorrência decinco indivíduos em cultivo ex-situ no Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Usos

Referências

- SMITH, N.P; MORI, S.A.; PRANCE, G.T. Lecythidaceae in In Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <>. Acesso em: 03 abril 2012.

- PRANCE, G.T.; MORI, S.A. Lecythidaceae: Part I: The Actinomorphic-Flowered New World Lecythidaceae (Asteranthos,Gustavia, Grias, Allantoma, & Cariniana). New York, NY: New York Botanical Garden, 1979. 270 p.

- MORI, S.A.; PRANCE, G.T.; ZEEUW, C.H. Lecythidaceae, Part 2. The Zygomorphic-Flowered New World Genera (Couroupita,Corythophora, Bertholletia, Couratari, Eschweilera, & Lecythis), With a Study of SecondaryXylem of Neotropical Lecythidaceae. New York, NY: New York Botanical Garden, 1990. 373 p.

- PRANCE, G.T.; MORI, S.A.HOPKINS, H.C.F.; HUXLEY, C.R.; PANNEL, C.M.; PRANCE, G.T.; WHITE, F. Pollination and dispersal of Neotropical Lecythidaceae. Londres: Royal Botanical Garden, 1998. 27 p.

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- LAURANCE, W.F.; ALBERNAZ, A.K.M.; FEARNSIDE, P.M.; VASCONCELOS, H.L.; FERREIRA, L.V. Deforestation in Amazonia. Science, v. 304, p. 1109, 2004.

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- YOUNG, C.E.;GALINDO-LEAL, C.;CÂMARA, I.G. Causas socioeconômicas do desmatamento da Mata Atlântica brasileira. São Paulo, SP; Belo Horizonte, MG: Fundação SOS Mata Atlântica; Conservação Internacional, 2005. 103-115 p.

Como citar

CNCFlora. Cariniana legalis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Cariniana legalis>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 25/05/2012 - 16:35:09