Portal do Governo Brasileiro
2012 - Livro Vermelho 2013

Dicypellium caryophyllaceum (Mart.) Nees CR

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 09-04-2012

Criterio: A2acd;B2ab(iii,iv)

Avaliador: Maria Marta V. de Moraes

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

A espécie ocorre nos estados doPará e Maranhão, com EOO de 507,64 km² e AOO de 8 km². Conhecido como pau-cravo oucravo-do -maranhão, apreciado por suas propriedades aromáticas e medicinais,foi excessivamente explorado no passado. A casca exportada, e da madeiraextraído o eugenol, usado na indústria de perfumaria e também exportado. Segundo relato de Ducke,em 1938, "ocorreu uma grande destruição das árvores no período colonial e aspequenas culturas outrora existentes no Pará, desde muito tempo se escassearam".O cravo-do-maranhão quase foi extinto no estado do Pará, onde era muito frequente.Além do uso na alimentação, na perfumaria e na medicina, a madeira é aromática,amarelada, compacta e resistente, própria para construção civil e naval. Atualmenteforam identificados 21 indivíduos de Dicypelliumcaryophyllaceum pela equipe quelevantou os impactos ambientais da usina de Belo Monte. A maior concentração deindivíduos já registrada na Amazônia desde o século 18 foi no município deJuruti, com 189 indivíduos. As árvores ficam em uma área ondedeverá haver concessões florestais e pesquisadores sugerem a criação de umaunidade de conservação para proteger a espécie.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Dicypellium caryophyllaceum (Mart.) Nees;

Família: Lauraceae

Sinônimos:

  • > Persea caryophyllacea ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Tanto o nome científico quanto o popular do cravo-do-maranhão, deve-se ao odor típico de cravo que todas as partes da planta exalam (Rizzin; Mors, 1976 apud ITTO, 1999). Nomes populares: cravo-do-maranhão (Amazonas); cravo-amarelo (Maranhão); canela-falsa, caneleira, casca-preciosa, craveiro, craveiro-da-terra, craveiro-do-maranhão, cravo-domato, ibiragiinha (ibyra giynha), ibirapetai, ibiraquiinha, imira, imiraquinha, falsa-canela, locari, louro-cheiroso, louro-cravo, muiraquiinha, muiraquyia, pau-cravo, pau-rosa (ITTO, 1999).

Dados populacionais

Segundo estudo dos pesquisadores Rafael Salomão e Nélson Rosa, do Museu Emílio Goeldi tinha-se conhecimento de apenas um exemplar com 9 metros de altura, registrado em 2008 no local onde será feito um dos canais de derivação da usina de Belo Monte. Mais 20 indivíduos da espécie foram encontrados no mesmo ano na região pela mesma equipe que levantou os impactos ambientais da construção da hidrelétrica. Outros 189 indivíduos foram observados no município de Juruti, revelando a maior concentração já registrada na Amazônia desde o século 18, segundo a pesquisa. As árvores ficam em uma área onde deverá haver concessões florestais e pesquisadores sugerem a criação de uma unidade de conservação para proteger a espécie. O estudo de Salomão e Rosa avaliou a abundância de pau-cravo em Juruti e encontrou a concentração "rara", segundo a pesquisa, de 76 árvores em um único hectare (Globo Amazônia, 2010).

Distribuição

Ocorre nos estados do Pará e Maranhão (Quinet; Baitello; Moraes, 2011).

Ecologia

Espécie arbórea de até 20m de altura. Ramos numerosos, ferrugíneotomentosos no ápice; ramúsculos cilíndricos, cinzentos e lisos, terminando por um gomo fulvo. Folhas simples, esparsas, elípticas, acuminadas, agudas na base, até 13cm de comprimento e 43mm de largura, coriáceas, glabras, avermelhadas e saliente-reticulado-nervadas na página inferior. Inflorescência em racemos simples, laterais, pêndulos. róseo-avermelhadas, muito aromáticas. Fruto baga elipsóide, aromática (Corrêa, 1984 apud ITTO, 1999). Habita a mata de terra firme (Revilla, 2002 apud ITTO, 1999).

Ameaças

1.3.3.2 Selective logging
Severidade very high
Detalhes ​Dicypellium caryophyllaceum tem um histórico de exploração devido a suas propriedades aromáticas (Werff, 1991). Ducke (1938, apud ITTO, 1999) cita que ocorreu uma grande destruição das árvores no período colonial e as pequenas culturas outrora existentes no Pará, desde muito tempo se escassearam. A casca, no período colonial do país, era exportada pelo porto do Maranhão em significativas quantidades, no entanto, depois disso, passou a ser encontrada apenas em pequeno comércio regional. Em 1804, o governador geral Conde dos Arcos, estabeleceu um horto florestal, devido à devastação que se avançava sobre o craveiro (Dycipellium). O local foi posteriormente ocupado pela antiga estação (da Estrada de Ferro Belém-Bragança), em Belém, onde foi possível colher três mil quilos da casca em 972 exemplares (Homma, 2003 apud ITTO, 1999). O cravo-do-maranhão quase foi extinto no estado do Pará, onde era muito freqeente, pois a casca e a madeira com alto teor de eugenol foram por muito tempo artigo de exportação (Zoghbi et al., 1977 apud ITTO, 1999). Cruz (1964 apud ITTO, 1999) cita que é exportado para mercados europeus.

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Lista vermelha da flora do Pará (COEMA-PA, 2007).

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: Ameaçada. Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 1.

1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: Vulnerável (VU). Lista vermelha da IUCN (Pedralli, 1998).

Usos

Referências

- QUINET, A.; BAITELLO, J.B.; MORAES, P.L.R. D. Lauraceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB084232>.

- ITTO, ROLAC. PROJETO: "EXTRATIVISMO NÃO-MADEIREIRO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA, BANCO DE DADOS "NON WOOD", v.31, 1999.

- GLOBO, AMAZôNIA. Obras de Belo Monte devem passar em área com árvore em extinção. Disponivel em: <http://www.globoamazonia.com/Amazonia/0,,MUL1637376-16052,00-OBRAS+DE+BELO+MONTE+DEVEM+PASSAR+EM+AREA+COM+ARVORE+EM+EXTINCAO+DIZ+ESTUDO.html>.

- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

- PEDRALLI, G. Dicypellium caryophyllaceum in IUCN Red List of Threatened Species. Disponivel em: <www.iucnredlist.org>. Acesso em: 21/02/2012.

Como citar

CNCFlora. Dicypellium caryophyllaceum in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Dicypellium caryophyllaceum>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 09/04/2012 - 12:04:42