Portal do Governo Brasileiro
2012 - Livro Vermelho 2013

Dipteryx alata Vogel LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 04-04-2012

Criterio:

Avaliador: Tainan Messina

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

A espécie é amplamente distribuída em diferentes fitofisionomias e estudos populacionais apontam que a espécie esteja estável. Apesar disso, recomenda-se estudos mais aprofundados sobre a exploração da espécie, que possui madeira nobre e que por isso, poderá vir a ter suas subpopulações reduzidas em futuro próximo.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Dipteryx alata Vogel;

Família: Fabaceae

Sinônimos:

  • > Coumarouna alata ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Gênero com 10 espécies listadas para o Brasil (Lima, 2012). Nomes populares: "baru", "cumaru", "cumbaru", "coco-feijão", "cumarurana", "emburena-brava" (Lorenzi, 2002).

Potêncial valor econômico

Importante na alimentação humana e animal, pelo uso da polpa e sementes. Madeira de excelente durabilidade (Oldfield et al., 1998), pesada, resistente a ao apodrecimento e própria para a construção de estruturas externas, obras hidráulicas e na construção naval (Lorenzi, 2002). As sementes de Dipteryx alata constituem uma fonte significativa de lipídios, proteínas e, consequentemente de calorias, além de fibras alimentares e minerais, sugerindo sua utilização na alimentação humana e animal. O elevado grau de insaturação do óleo da semente de baru favorece seu uso para fins comestíveis ou como matéria prima para as indústrias farmacêutica e oleoquímica, se eliminadas eventuais substâncias nocivas à saúde (Takemoto et al., 2001).

Dados populacionais

Salis; Crispim (2006), registram a ocorrência de sete a 11 indivíduos por hectare quando de sua ocorrência em matas semidecíduas do Mato Grosso do Sul e decíduas (Corumbá) do Mato Grosso do Sul e cinco a 25 ind./ha nas florestas decíduas do MS e Mato Grosso e de quatro a 39 ind./ha no Cerradão em MT e MS. O grau de estrutura genética entre subpopulações de D. alata foi muito alta quando comparada com a observada em outras espécies de árvores nativas do cerrado brasileiro (Zucchi et al., 2005). A taxa de cruzamento estimada sugere a presença de um sistema reprodutivo misto que já está levando a níveis mais elevados de endogamia. Há evidências de fluxo de longa distância via pólen que pode reduzir a deriva genética nas populações pequenas e fragmentadas de D. alata no cerrado brasileiro. No entanto, a alta dominância reprodutiva indica que os polinizadores provavelmente não estão desempenhando seu papel por causa do número reduzido de árvores reprodutivas e isoladas (Tarazi et al. 2010).

Distribuição

Peru, Bolívia, Paraguai (Tropicos.org) e Brasil, no Norte (Tocantins), Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia), Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul), Sudeste (Minas Gerais, São Paulo) (Lima, 2012).

Ecologia

Árvore com altura potencial em cerca de 15-25 metros, 40-70 cm DAP (Lorenzi, 2002). Embora o fruto contenha uma única semente, cada planta madura produz grande quantidade de sementes (Lorenzi, 2002). Melífera e Entomofilia (Oliveira; Sigrist, 2008).

Ameaças

1.1 Agriculture
Detalhes Perda de habitat por expansão da agricultura (Oldfield et al., 1998).

1.3.2.3 Large-scale/industrial
Detalhes Explotação de sua madeira de excelente qualidade e sementes medicinais têm levado ao declínio massivo nos números da população (Oldfield et al., 1998). Estima-se que o número de indivíduos legalmente suprimidos no Mato Grosso foi de 1.133 árvores de grande porte a 5.787 de médio porte, no período de seis nos, 2006-2011 (SEMA-MT, 2011).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Fragmentação de Cerradão, provoca isolamento de árvores maduras e torna a estrutura genética da espécie espacialmente estruturada (Tarazi et al., 2010)

Ações de conservação

1.2.2.1 International level
Situação: on going
Observações: "Vulnerável" (VU), segundo a Lista vermelha IUCN (IUCN, 2011).

1.2.2.1 International level
Situação: on going
Observações: Espécie na lista das prioritárias para conservação de recursos genéticos florestais (FAO, 1986; 2001).

5.7.2 Genome resource bank
Situação: needed
Observações: Para colheita de sementes recomenda-se uma distância de 196 m entre as plantas-porta-sementes para evitar graus elevados de parentesco (Tarazi et al., 2010).

4.4 Protected areas
Situação: needed
Observações: Segundo Nabout et al. (2010) o "Workshop de Áreas Prioritárias para a Conservação na Região do Cerrado e Pantanal" identificou 87 áreas de conservação (MMA, 2007). A modelagem da distribuição de D. alata previu sua ocorrência em muitas destas áreas (principalmente no vale do Araguaia e o Rio das Mortes zonas úmidas). No entanto, na prática, o o sistema de reservas federais e estaduais na região do Cerrado são insuficientes, tanto em extensão e representação. Apenas 1,6% desta área está sob proteção (Cavalcanti; Joly, 2002).

Referências

- OLDFIELD, S.; LUST, C.; MACKINVEN, A. The World List of Threatened Trees. Cambridge, UK: World Conservation Press, 1998. 650 p.

- SALIS, S.M.; CRISPIM, S.M.A. Densidades de Árvores Listadas como Ameaçadas de Extinção na Bacia do Alto Paraguai. Corumbá, MS: Embrapa, 2006.

- TARAZI, ROBERTO ET AL. High levels of genetic differentiation and selfing in the Brazilian cerrado fruit tree Dipteryx alata Vog. (Fabaceae). Genet. Mol. Biol., v. 33, n. 1, 2010.

- LIMA, H.C. DE. Dipteryx in Lista de Espécies da Flora do Brasil., Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB029628>.

- SEMA-MT. Extração e Comércio de Toras de Madeira Nativa. Período 2006-2011, 2011.

- LORENZI, H. Árvores brasileiras. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

- ZUCCHI, M.I.; PINHEIRO, J.B.; CHAVES, L.J.; COELHO, A.S.G.; COUTO, M.A.; MORAIS, L.K.D.; VENCOVSKY,. Genetic structure and gene flow of Eugenia dysenterica natural populations. Pesq. agropec. bras., v. 40, n. 10, p. 975-980, 2005.

- TAKEMOTO, E.; OKADA, I.; GARBELOTTI, M.L.; TAVARES, M.; AUED-PIMENTEL, S. Composição química da semente e do óleo de baru (Dipteryx alata Vog.) nativo do Município de Pirenópolis, Estado de Goiás. Rev. Inst. Adolfo Lutz, v. 60, n. 2, p. 113-117, 2001.

- OLIVEIRA, M.I.B.; SIGRIST, M.R. Fenologia reprodutiva, polinização e reprodução de Dipteryx alata Vogel (Leguminosae-Papilionoideae) em Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista Brasil. Bot., v. 31, n. 2, p. 195-207, 2008.

- NABOUT, J.C.; SOARES, T.N.; DINIZ-FILHO, J.A.F.; DE MARCO JUNIOR, P.; TELLES, M.P.C.; NAVES, R.V.; C. Combining multiple models to predict the geographical distribution of the Baru tree (Dipteryx alata Vogel) in the Brazilian Cerrado. Braz. J. Biol., v. 70, n. 4, p. 911-919, 2010.

- MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Ações prioritárias para a conservação da biodiversidade no Cerrado e Pantanal, Brasília, DF, 2007.

- CAVALCANTI, R.; JOLY, C. The conservation of the cerrados. In: OLIVEIRA, P.S.; MARQUIS, R.J. The cerrado of Brazil. New York: Columbia University Press, p.351-367, 2002.

- OLIVEIRA-FILHO, A.T. TreeAtlan 2.0, Flora arbórea da América do Sul cisandina tropical e subtropical: Um banco de dados envolvendo biogeografia, diversidade e conservação. Universidade Federal de Minas Gerais. Disponivel em: <http://www.icb.ufmg.br/treeatlan/>. Acesso em: 15 dez. 2011.

- WCMC - WORLD CONSERVATION MONITORING CENTRE. Dipteryx alata in IUCN Red List of Threatened Species. Disponivel em: <http://www.iucnredlist.org/details/32984/0>.

Como citar

CNCFlora. Dipteryx alata in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Dipteryx alata>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 04/04/2012 - 19:37:41