Portal do Governo Brasileiro
2012 - Livro Vermelho 2013

Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez VU

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 09-04-2012

Criterio: A4cd

Avaliador: Maria Marta V. de Moraes

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

A espécie ocorre nos estados do Pará,Amazonas, Acre, Mato Grosso e, possivelmente, Rondônia e Mato Grosso do Sul.Segundo informação disponível, possui madeira resistente e é uma dasespécies mais exploradas na região norte Amazônica, sendo utilizada paradiversas finalidades. No município de Novo Airão (AM), por exemplo, a espécieera encontrada em abundância nas matas vizinhas à cidade e hoje já é escassa,pois sofre intenso extrativismo para a produção de embarcações. Apesar deamplamente distribuída, o extrativismo e a redução e destruição do habitat desua ocorrência são ameaças potenciais para declínio no número de indivíduos ede subpopulações. Considerando-se que a espécie tenha crescimento lento e um tempo de geração de pelo menos 50 anos, e tendo em vista às ameaças a qual a espécie é submetida, pode-se suspeitar que M. itauba tenha sofrido um declínio populacional de pelo menos 30% nos últimos 150 anos e poderá continuar apresentando declínio se providencias para sua conservação não forem adotadas.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez;

Família: Lauraceae

Sinônimos:

  • > Acrodiclidium itauba ;
  • > Endiandra itauba ;
  • > Silvia itauba ;
  • > Mezia itauba ;
  • > Acrodiclidium itauba var. amarella ;
  • > Oreodaphne hookeriana ;
  • > Mezilaurus anacardioides ;
  • > Acrodiclidium anacardioides ;
  • > Silvia polyantha ;
  • > Silvia rondonii ;
  • > Acrodiclidium ita-uba ;
  • > Acrodiclidium ita-uba var. amarella ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Mezilaurus itauba é caracterizadapor possuir estames com filetes livres, flores pubescentes, e folhas glabrasreunidas no topo dos galhos e gradualmente distribuídas basalmente (van derWerff, 1987). Na Amazônia Central, M.itauba é bastante confundida com M. synandra. Todavia, M. synandra apresenta inflorescênciasmais curtas, flores globosas, tépalas do mesmo tamanho do receptáculo, cerca de½ do comp. da flor, estames conados, ovário pilosos e frutos pubescentes noápice. Mezilaurus itauba apresentainflorescências geralmente mais longas, flores globosas ou elipsoides, tépalasmenores que o receptáculo, cerca de 1/3 (1/5) do comp. da flor, estames livres,ovário glabro e frutos glabros no ápice (Alves, 2011).

Potêncial valor econômico

Devido a sua alta durabilidade e valor madeireiro, a madeira de M. itauba é extraída para diversas finalidades (Nascimento et al., 1997; Alves, 2011). Sua madeira é indicada para construções externas como pontes, postes, moirões, estacas, esteiras, cruzetas, dormentes; na construção civil para vigas, caibros, ripas, tacos, tábuas, esquadrias, lambris, forro, fabricação de móveis; na confecção de cabos de ferramentas, implementos, embalagens, carroçarias, vagões de trens, tanoaria, barris e tonéis (Alves, 2011). A madeira é ainda a principal matéria prima para a construção de embarcações de médio e grande porte, no município de Novo Airão, AM, é a itaúba, antes encontrada em abundância nas matas vizinhas à cidade e agora cada vez mais escassa. No casco de uma embarcação de 20 metros, por exemplo, são utilizadas em média 30 árvores, que os madeireiros buscam mais e mais longe, floresta adentro. A devastação conta com o apoio de políticos locais, que pretendem terminar a estrada de 105 quilômetros entre Novo Airão e Manaus, sobretudo para o transporte de madeira. Os 22 estaleiros de Novo Airão são considerados os melhores da Amazônia, geram os mais bem pagos empregos da cidade e produzem cerca de 50 barcos de médio e grande porte por ano. Para os padrões amazônicos, são um sucesso econômico, mas não são sustentáveis (http://www.cnpm.embrapa.br/).

Dados populacionais

Amadeira de itaúba é uma das mais exploradas na região amazônica, pois possui umalto valor de mercado. Segundo Martini et al. (1998) a itaúba possuicaracterísticas ecológicas que podem causar um declínio populacional em virtudeda alta pressão da exploração de sua madeira. O consumo de toras de itaúba nopolo madeireiro de Mato Grosso em 1998 foi de 100.000 m3, em 2004 de 130.000 m3e de 59.000 m3 em 2009 (Pereira et al., 2010). Segundo o Ibama (2008) entre2006 e 2007 foi registrado um volume total de 143.096 m3 de tora da madeira narota de transporte da madeira proveniente da Amazônia, o valor estimado foi de R$83.500.163,64,ou seja um valor médio de 583,53 R$/m3. E entre 2007 e 2009 foramcomercializadas 425.207,62 m3 da madeira de itaúba (Ibama, 2010). Ocorrena Floresta Nacional do Tapajós onde possui Dominância Relativa de 4,1 e FrequênciaRelativa de 7,69 (Martins et al 2009). No município de Alta Floresta-MT foramestimados 8ind./ha (DR: 1,58)(Malheiros et al., 2009). Na fazenda Rio Capim, Paragominas, PA a espécieapresentou DA: 0,1ind./ha (Pinheiro et al., 2007). Na região de Belo Monte, PAforam encontrados 10 ind. (DR:0,34) em floresta ombrófila densa; e 5 ind.(DR:0,35) em floresta ombrófila aberta com cipó e palmeira (Salomão et al.,2007). Araújo (2006) amostrou 26 ind. (DA:0,125 ind./ha) no Projeto de ColonizaçãoPedro Peixoto, Acre. Parrotta et al.(1997) encontraram 31,8 ind./ha em uma área de 10 anos de regeneração em PortoTrombetas, PA. Ubialli encontrou 264 ind. (DA: 2,2) em Marcelândia, MT. Foramamostrados 3 ind. (DA: 1 ind./ha). Na Reserva R-7, Sinop, MT. 7 ind./ha na FazendaMaracaí, Cláudia, MT (Medeiros, 2004).

Distribuição

Ocorre nos estados do Pará, Amazonas, Acre e Mato Grosso (Quinet; Baitello; Moraes, 2011).

Ecologia

Árvorede até 35 m de altura, raramente arbutos. Folhas reunidas no topo dos ramos,cartáceas ou coriáceas, glabras na maturidade, elípticas ou obovadas.Inflorescência axilar, subterminal. Flores pubescentes. Frutos elipsiodes comcúpula (van der Werff, 1987). Zoocórica(Amaral et al., 2009). Secundária tardia (Amaral et al., 2009). Desenvolve-se em Floresta de Terra-firme, Igapó e Várzea (Amaral et al., 2009).

Ameaças

1.3.3.2 Selective logging
Severidade very high
Detalhes Mezilaurus itauba possui madeira resistente (Oliveira; Silva et al., 2006) e é uma das espéciesmais explorada na região norte do Mato Grosso (Angelo et al., 2004).

Ações de conservação

1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: Vulnerável (VU). Lista Vermelha da IUCN (2011)

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: ​Vulnerável (VU) pela Lista vermelha da flora do Pará (COEMA-PA, 2007).

Usos

Referências

- NASCIMENTO, C.C.; GARCIA, J.N.; DIÁZ, M.D.P. Agrupamento de espécies madeireiras da amazônia em função da densidade básica e propriedades mecânicas. Madera y Bosques, v. 3, n. 1, p. 33-52, 1997.

- PASTORE, T.C.M.; RUBIM, C.C.K.D.O.; SANTOS, K.D.O. Efeito do intemperismo artificial em quatro madeiras tropicais monitorado por Espectroscopia de infravermelho (drift). Quim. Nova, v. 31, n. 8, p. 2071-2075, 2008.

- OLIVEIRA E SILVA, J.; PASTORE, T.C.M.; PASTORE, F. Resistência ao intemperismo artificial de cinco madeiras tropicais e de dois produtos de acabamento. Ciência Florestal, v. 17, n. 1, p. 17-23, 2007.

- UBIALLI, J.A.; FIGUEIREDO FILHO, A.; MACHADO, S.A.; ARCE, J.E. Comparação de métodos e processos de amostragem para estimar a área basal par a grupos de espécies em uma floresta ecotonal da região norte matogrossense. Acta Amazônica, v. 39, n. 2, p. 305-314, 2009.

- GRANATO, D.; NUNES, D.S.; MATTOS, P.P.; RIOS, E.M.; GLINSKI, A.; RODRIGUES, L.C.; ZANUSSO JUNIOR, G. Chemical and Biological Evaluation of Rejects from the Wood Industry. Brazilian Archives of Biology and Technology, p. 237-241, 2005.

- BIASI, C.P.; ROCHA, M.P.D. Rendimento em madeira serrada e quantificação de resíduos para três espécies tropicais. Rev. Floresta, v. 37, n. 1, p. 94-108, 2007.

- ZABOT, U.C.; FERNADEZ, G.S. Caracterização e Quantificação da Exploração Madeireira nas Cidades da Região Norte do Mato Grosso. IV Congresso de Iniciação Cientifica - CONIC, 2008.

- AMARAL, D.D.; VIEIRA, I.C.G.; ALMEIDA, S.S.; SALOMÃO, R.P.; SILVA, A.S.L.; JARDIM, M.A.G. Checklist da flora arbórea de remanescentes florestais da região metropolitana de Belém e valor histórico dos fragmentos, Pará, Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., v. 4, n. 3, p. 231-289, 2009.

- LEONI, J.M.; MARQUES, T.S. Conhecimento de Artesãos sobre plantas utilizadas na produção de artefatos - Res. de Desenvolvimento Sustentável Amanã - AM. UAKARI, v. 4, n. 2, p. 67-77, 2008.

- PEREIRA, L.A.; SOBRINHO, F.A.P.; COSTA NETO, S.V. Florística e estrutura de uma mata de terra firme na reserva de desenvolvimento sustentável Rio Iratapuru, Amapá, Amazônia Oriental, Brasil. Rev. Floresta, v. 41, n. 1, p. 113-122, 2011.

- ANDRADE, A.; JANKOWSKY, I.P.; DUCATTI, M.A. Grupamento de madeiras para secagem convencional. Scientia florestalis, n. 59, 2001.

- ARAUJO, R.A.; COSTA, R.B.; FELFILI, J.M.; KUNTZ, I.; SOUZA, R.A.M.; DORVAL, A. Florística e estrutura de fragmento florestal em área de transição na Amazônia Matogrossense no município de Sinop. , 2009.

- MEDEIROS, R.A. Dinâmica de sucessão secundária em floresta de transição na Amazônia Meridional. Dissertação. Cuiabá, MT: Universidade Federal de Mato Grosso, 2004.

- NOGUEIRA, G. Estaleiros, a caminho da extinção, Rio Demene, uma caminho para a Amazônia, 2011.

- ANGELO, H.; SILVA, G.F.D.; MORAES E SILVA, V.S. Análise econômica da indústria de madeiras tropicais: o caso do pólo de Sinop, MT. Ciência Florestal, v. 14, n. 2, p. 91-101, 2004.

- MALHEIROS, A.F.; HIGUCHI, N.; SANTOS, J.D. Análise estrutural da floresta tropical úmida do município de Alta Floresta, Mato Grosso, Brasil. , 2009.

- VAN DER WERF, H. A Revision of Mezilaurus (Lauraceae). Ann. Missouri Bot. Gard., v. 74, n. 1, p. 153-182, 1987.

- MARTINS, M.B.; REBÊLO, G.H.; PEZZUTI, J.C.B. Características ambientais dos locais de caçadas em esperas por caçadores da comunidade de Pini, Floresta Nacional do Tapajós, PA. , 2010.

- PINHEIRO, K.A.O.; CARVALHO, J.O.P.; QUANZ, B.; FRANCEZ, L.M.D.B.; SCHWARTZ, G. Fitossociologia de uma área de preservação permanente no leste da amazônia: indicação de espécies para recuperação de áreas alteradas. Rev. Floresta, v. 37, n. 2, p. 175-187, 2007.

- UBIALLI, J. A. Comparação de métodos e processos de amostragem para estudos fitossociológicos e estimativas de estoque de uma floresta ecotonal na região norte matogrossense. Curitiba, PR: Universidade Federal do Paraná, 2007.

- PARROTTA, J.A.; KNWOLES, O.H.; WUNDERLE JR., J.M. Development of floristic diversity in 10 year old restoration forests on a bauxite mined site in Amazonia. Forestry Ecology and Management, v. 99, p. 21-42, 1997.

- SALOMÃO, R.D.P.; VIEIRA, I.C.G.;. SUEMITSU, C.; ROSA, N.D.A.; ALMEIDA, S.S.D.; AMARAL, D.D.D. As florestas de Belo Monte na grande curva do rio Xingu, Amazônia Oriental. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciências Naturais, v. 2, n. 3, p. 57-153, 2007.

- ALVES, F.M. Estudo Taxonômico e filogenético de Mesilaurus Taub. (Lauraceae) lato sensu e restabelecimento de Clinostemon Kuhlm. e A. Samp. Tese de doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2011.

- MARTINI, A.; ROSA, N.A.; UHL, C. Espécies Madeireiras da Amazônia Potencialmente Ameaçadas, Série Amazônia, Belém, PA, n.11, p.34, 1998.

- IBAMA. Reestruturação: Aumenta o foco em fiscalização, licenciamento e autorizações. Revista Ibama, v. 3, p. 15-16, 2008.

- IABAMA. DOF Informação Estratégica para a Gestão Florestal no Brasil: período 2007-2009, Documento de Origem Florestal - DOF, Brasília, DF, p.56, 2010.

- PEREIRA, D.; SANTOS, D.; VEDOVETO, M.; GUIMARÃES, J.; VERÍSSIMO, A. Fatos Florestais da Amazônia 2010, Belém, PA, p.126, 2010.

- AMERICAS REGIONAL WORKSHOP (CONSERVATION & SUSTAINABLE MANAGEMENT OF TREES, COSTA RICA, NOVEMBER 199. Mezilaurus itauba in IUCN Red List of Threatened Species. Disponivel em: <www.iucnredlist.org>. Acesso em: 21/02/2012.

Como citar

CNCFlora. Mezilaurus itauba in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Mezilaurus itauba>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 09/04/2012 - 12:41:44