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2012 - Livro Vermelho 2013

Ocotea beulahiae Baitello EN

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 02-04-2012

Criterio: B1ab(iii)

Avaliador: Maria Marta V. de Moraes

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

A espécie ocorre no estado de São Paulo e, possivelmente, Espírito Santo, sujeita a cinco situações de ameaça, com EOO de 3.275,74 km². Segundo informações, a vegetação nativa do estado de São Paulo, representa apenas 13,94% de sua área original. Os ciclos de café e cana-de-açúcar foram intensos no estado e altamente impactantes sobre as áreas naturais. Da mesma forma, a urbanização e crescimento das cidades ainda colaboram para a perda de áreas de vegetação nativa. Assume-se que ainda ocorra declínio contínuo da qualidade do habitat da espécie.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Ocotea beulahiae J.B. Baitello;

Família: Lauraceae

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Dentro do grupo O. indecora, O. beulahiae édistinta pelas folhas com 5-10 pares de nervuras secundárias, superfícieinterna do receptáculo glabra a pilosa, cúpulas 1,5-2 cm compr., com margeminteira a dividida, e frutos 2-2,5 cm compr. É semelhante à O. indecora,que tem folhas com 7-14 pares de nervuras secundárias, superfície interna doreceptáculo pilosa, cúpulas menores, de 0,6 até 1,4 cm compr., com margemsempre inteira, e frutos menores, de 1,2 até 2 cm compr. Espécimes de O.beulahiae têm sido, algumas vezes, mal identificados como O. odorifera. Àprimeira vista, ambas espécies são similares, porém a primeira tem a superfícieexterna do receptáculo e a face abaxial dos catafilos pilosas, e cúpulas com umaúnica margem, enquanto a última tem a superfície externa do receptáculo e aface abaxial dos catáfilos glabras, e cúpulas com margem dupla inconspícua.Coleções do Espírito Santo apresentam a lâmina levemente bulada, com a faceabaxial nítida, e cúpulas com margem dividida, enquanto aquelas de São Pauloapresentam a lâmina plana, com a face abaxial fosca, e cúpulas com margeminteira (Assis, 2009).

Dados populacionais

Cielo-Filho et al. (2007) encontraram 22 ind. em nofragmento Ribeirão Cachoeira, Campinas, SP. Ferreira (2007) amostrou 5 ind. na bacia hidrográfica do ribeirão dasAnhumas, Campinas, SP. Amazonas et al.(2011) encontraram 3 ind. em também em Campinas,SP. 5 ind. em Floresta de brejo e 4ind. no 'Maciço de Diatenopteryx sorbifolia Radlk.' na Reserva Municipal deSanta Genebra, Município de Campinas, SP

Distribuição

Segundo a Flora do Brasil (Quinet; Baitelo; Moraes, 2011) a espécie se distribui no estado de São Paulo, porém Assis (2009) também a considera no Espírito Santo.

Ecologia

Árvore de 8-20 m alt., monóica. Folhasaparentemente verticiladas no ápice dos ramos floríferos e alternas em ramosvegetativos; lâmina cartáceo-coriácea, elíptica a subobovada. Sinflorescência terminal de tirsóide. Floresmonóclinas, tépalas faces adaxial e abaxial esparso-pilosas, papilosas. Fruto bacáceo elípsóide envolvidoparcialmente por cúpula hemiesférica. Nomes populares: canela, canela-sassafrás. Floração: maio, julho e agosto; frutificação: de março a maio,julho e outubro (Quinet, 2008).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Severidade high
Detalhes O desenvolvimento do estado de São Paulo foi iniciado com a expansão da agriculturaa partir dos ciclos econômicos da cana-de-açúcar e do café, com grande impactosobre os recursos naturais, especialmente sobre a vegetação nativa. Os modelosde cultivo adotados no estado priorizaram a monocultura extensiva, o que intensificou os impactos ambientais. Alémdisso, o Estado agiu com incentivos que estimulavam a ocupação até de áreas devárzeas, aliado a uma intensa urbanização, o que causou uma grande perda davegetação nativa, que ficou reduzida a apenas 13,94% da área original do estadode São Paulo. Como resultado destes processos ocorreu a destruição e/oudeterioração de muitas áreas contínuas de vegetação nativa. Uma única grandeárea de vegetação foi dividida em muitos pequenos fragmentos, pequenas áreasdeixaram de existir, fitofisionomias distintas com transições graduais sefizeram isoladas. Ou seja, o mosaico de vegetação que compunha a paisagem foifragmentado e modificado ao longo do tempo. (Ferreira, 2007). A regiãoadministrativa de Campinas sofreu com a urbanização desordenada e, principalmente,com os ciclos da agricultura (cana-de-açúcar e café), causando drásticasreduções na vegetação e fragmentação dos remanescentes. Esta região ficou commatas muito fragmentadas, na sua maioria com áreas pequenas (a maioria commenos de 10 ha.), porém de grande importância para a região. Embora tenha umapequena extensão de vegetação remanescente, Campinas continua sofrendo com odesmatamento nas últimas décadas (Ferreira, 2007). Esse cenário repete-se naregião de Ribeirão Preto (Kotchetkoff-Henriques et al., 2005).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: ​Em Perigo (EN). Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004).

4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: Reserva Municipal de Santa Genebra, Campinas, SP (Guaratini et al., 2008)

Referências

- QUINET, A. O Gênero Ocotea Aubl. (Lauraceae) no Sudeste do Brasil. Tese de doutorado. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.

- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, SÃO PAULO. SMA-SP. RESOLUçãO SMA N. 48 DE 2004. Lista oficial das espécies da flora do Estado de São Paulo ameaçadas de extinção, Diário Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, SP, 2004.

- AMAZONAS, N.T.; MARTINELLI, L.A.; PICCOLO, M.D.C.; RODRIGUES, R.R. Nitrogen dynamics during ecosystem development in tropical forest restoration. Forest Ecology and Management, v. 262, p. 1551-1557, 2011.

- QUINET, A.; BAITELLO, J.B.; MORAES, P.L.R. D. Lauraceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB008441>.

- CIELO-FILHO, R.; GNERI, M.A.; MARTINS, F.R. Position on slope, disturbance, and tree species coexistence in a Seasonal Semideciduous Forest in SE Brazil. Plant Ecol, v. 190, p. 189-203, 2007.

- FERREIRA, I.C.D.M. ASSOCIAÇÕES ENTRE SOLOS E REMANESCENTES DE VEGETAÇÃO NATIVA EM CAMPINAS, SP. Dissertação. Campinas, SP: INSTITUTO AGRONÔMICO, 2007.

- KOTCHETKOFF-HENRIQUES, O.; JOLY, C.A.; BERNACCI, L.C. Relação entre o solo e a composição florística de remanescentes de vegetação natural no Município de Ribeirão Preto, SP. Revista Brasil. Bot., v. 28, n. 3, p. 541-562, 2005.

- ASSIS, L. C.D.S. Sistemática e filosofia: filogenia do complexo Ocotea e revisão do grupo Ocotea indecora (Lauraceae). Tese de doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009.

Como citar

CNCFlora. Ocotea beulahiae in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Ocotea beulahiae>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 02/04/2012 - 13:31:49