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2012 - Livro Vermelho 2013

Ocotea porosa (Nees & Mart.) Barroso EN

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 09-04-2012

Criterio: A2cd;B2ab(iii,iv,v)

Avaliador: Maria Marta V. de Moraes

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Aespécie ocorre nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com AOO de 660 km². Habita a Floresta Ombrófila Densa Montana e Alto-montana e os Campos Rupestres. Ocorre associadaà Araucaria angustifolia emaglomerados conhecidos por imbuias. Sua madeira é mundialmente apreciada, pelaalta qualidade e beleza, usada na fabricação de móveis e também na construção civil.Foi maciçamente explorada e seu habitat muito reduzido e deteriorado. Estudostêm sido realizados para viabilizar a reprodução e assegurar a regeneração daespécie, que é difícil e lenta. Embora medidas venham sendo tomadas para contera exploração da Imbuia, pelo seu alto valor econômico, a ameaça persiste.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Ocotea porosa (Nees & Mart.) Barroso;

Família: Lauraceae

Sinônimos:

  • > Oreodaphne porosa ;
  • > Phoebe porosa ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Rohwer (1986)considerou Ocotea porosa como um sinônimo de O. catharinensis. Entretanto,segundo Quinet (2008), O. porosa é bastante próxima de Ocotea catharinensis, e distingue-se desta por apresentar folhas com domáciasmarsupiformes com aberturas contraídas e fruto globoso sobre cúpulapateliforme, enquanto O. catharinensis tem folhas com domácias comaberturas não contraídas, fruto elípsóide parcialmente envolvido por cúpulahemiesférica. Nomes populares: imbuia, embuia, canela-imbuia,canela-embuia, canela-sassafrás (Quinet, 2008).

Potêncial valor econômico

Amadeira é uma das mais procuradas para confecção de mobiliário de luxo,principalmente pela sua beleza, muito utilizada também para construção civilcomo tacos, esquadrias, lambris, para obras expostas como dormentes pontes emoirões, para marcenaria de luxo, contraplacados, laminados e carpintaria(Lorenzi, 2002). Assementes de imbuia (Ocotea porosa) constituem uma fonte significativa de lipídios,sendo que o alto teor de ácido láurico favorece seu uso na indústria decosméticos e sabões (Simeone; Kalil Filho, 2008).

Dados populacionais

Nas sub-matas dos pinhais constitui a árvoremais abundante, tendo sido encontradas comumente 6 a 20 imbuias bemdesenvolvidas por hectare (Reitz et al., 1978 apud Bittencourt, 2007). A imbuiafoi classificada como a segunda espécie em volume de madeira explorada emfunção da grande quantidade existente e dos grandes diâmetros dos seus troncos.Estes mesmos autores relataram a ocorrência de grande frequência de tocoscarbonizados em campos e capoeiras abandonados, cuja madeira não foi aproveitada,sendo criminosamente queimados após a derrubada da floresta, tal era a abundânciadas imbuias (Inoue et al., 1984 apud Bittencourt, 2007). Em Caçador, SC, Negrelle e Silva (1992)amostraram 25 ind. sendo a segunda espécie mais importante da comunidade (IVI:36,06). Caldato et al. (1999) encontraram 316 ind. (39,5 ind./ha) na mesmalocalidade. Foram identificados 138 indivíduos reprodutivos na mesma comunidadepor Bittencourt (2007). Formento et al. (2004) nos municípios de Campo Belo doSul e Capão, SC observaram um aumento de 1,0 indivíduo/ha de O. porosa em 1992para 13 indivíduos/ha em 2003 em uma área onde houve extração seletiva deárvores em décadas passadas. Parque Estadual Carlos Botelho, SP foramamostrados 3 ind. (Dias, 2005). Rode et al. (2011) registraram 361 ind. naFloresta Nacional de Irati (FLONA de Irati), PR. Em trabalho em Floresta deAraucária, São João do Triunfo, PR, O.porosa apresentou relativa estabilidade populacional ao longo de 10 anos(1995-2004) variando entre 10,57 ind./ha e 10 ind./ha (Canalez, 2006). Em GeneralCarneiro, PR foram estimados 19 ind./ha (Sanquetta et al., 2007). Em São Joãodo Triunfo-PR, um estudo fitossociológico comparativo registrou 81 ind. em 1979(DA: 9ind./ha)e 83 ind. em 2000 (DA:9,22 ind./ha) estando entre as cinco principais espécies componentes dacomunidade. Além disso, Ocotea porosa acompanhou o amadurecimento da floresta,aumentando o número de indivíduos nas classes diamétricas superiores. Em 1979,28,40% dos indivíduos possuíam DAP maior que 50 cm e em 2000, 42,17%encontravam-se na mesma posição dentro da distribuição diamétrica (Schaaf,2006, 2006a). No Paraná, Amato (2008) em estudo de 5populações da espécie encontrou no total 211 indivíduos. A densidade total dapopulação da Área 1 (Curitiba) (440 indivíduos.ha-1) foi cerca de sete vezesmaior que a população com menor número de indivíduos (Área3 - Fazenda Canudos, São João do Triunfo), com 60 indivíduos.ha-1, enquanto asáreas 2 (Estação Experimental São João do Triunfo), 4 e 5 (localizadas emFernandes Pinheiro, na Flona de Irati) apresentaram 115 ind.ha-1, 215 ind. ha-1e 225 ind. ha-1, respectivamente.

Distribuição

Ocorre no estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina (Quinet; Baitello; Moraes, 2011).

Ecologia

Árvore de cerca de 10m alt., monóica. Folhasalternas, cartáceas, lanceoladas ou elípticas, face adaxialbrilhante, glabra, face abaxial opaca, áureo-tomentosa. Inflorescência axilar e terminal. Flores monoclinas, amarelas, tépalas áureo-pubérulas. Fruto globoso, de coloração marrom,sobre cúpula pateliforme (Rêgo et al., 2006; Quinet, 2008). Floração: setembro a fevereiro; frutificação:janeiro, fevereiro, maio, junho, setembro e dezembro (Quinet, 2008). Planta semidecídua e heliófita (Lorenzi, 2002). Ocotea porosa possui um incremento periódico anual médio de 0,266 cm/ano(Rosot et al., 2006). É uma espécie que ocorre associada comAraucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro), sendo que nos estádios maisavançados da sucessão apresenta maior número de árvores adultas e senescentesdo que plantas jovens e, raras onde há ausência de pinheiros (Klein, 1963 apud Caldato et al., 1999). A dispersão de frutos e sementes épredominantemente zoocórica, realizada principalmente por mamíferos e aves(Carvalho, 2003 apud Daros, 2006). Aimbuia, às vezes, infiltra-se nas florestas mais abertas e em capoeirões. É,possivelmente, a espécie arbórea mais longeva da floresta com araucária,podendo ultrapassar os 500 anos de idade (Carvalho, 2003 apud Rode et al., 2011).

Ameaças

1.3.3.2 Selective logging
Severidade high
Detalhes A Imbuia foi maciçamente explorada, devido àqualidade da madeira que é mundialmente apreciada, sendo exportada em grandequantidade para a fabricação de mobiliários de luxo (Carvalho, 2003 apud Silva,2009). A espécie é também empregada em marcenaria econstruções em geral (Marques, 2001).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: ​Vulnerável (VU). Lista vermelha da flora de Minas Gerais (COPAM-MG, 1997); Em Perigo (EN). Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002); Rara (RR). Lista vermelha da flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995).

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: Vulnerável (VU). Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 1.

4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: Presente em áreas protegidas: Reserva Florestal Embrapa/Epagri (RFEE),Caçador, SC (Herrera et al., 2009); Parque Estadual Carlos Botelho, SP (Dias,2005).

5.7 Ex situ conservation actions
Situação: on going
Observações: EmbrapaFlorestas iniciou em 2003 um programa de conservação ex-situ que temcompreendido a coleta de germoplasma de quatro populações desta espécie, nosestados do Paraná e de Santa Catarina, no sul do Brasil, visando à instalaçãode bancos de germoplasma, cuja primeira fase ocorreu em março de 2005, nomunicípio de Três Barras, SC. Esta espécie, da família das Lauráceas, comooutras nativas, requer estudos diversos, o que facilitará sua manipulaçãogenética e silvicultural futura. A regeneração desta espécie é muito difícil nanatureza, não rebrota do tronco, quando cortada, e ocorre em reboleiras denominadasde imbuiais. Além disso, seu lento crescimento e ausência de crescimentomonopodial, que dificulta a produção de toras comerciais de alto valoreconômico, estudos relacionados ao seu melhoramento genético revestem-se damais alta importância. Devido a essas características, a espécie requer conservaçãoin situ (Kalil Filho et al., 2004a, b, c; 2005), assim como procedimentos parasua conservação ex-situ, aliados ao pré-melhoramento desta espécie paracaracterísticas adaptativas e de crescimento (Kalil Filho et al., 2007).

1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: ​Vulnerável (VU). Lista vermelha IUCN (2011).

Usos

Referências

- INOUE, M.T.; PUTTON, V. Macropropagação de 12 Espécies Arbóreas da Floresta Ombrófila Mista. Floresta, v. 37, n. 1, p. 55-63, 2007.

- AMATO, C. M. Ecologia de Populações de Ocotea porosa (Nees) Barroso em Áreas Submetidas a Diferentes Graus de Perturbação. Dissertação. : Universidade Federal do Paraná, 2008.

- CALDATO, S.L.; LONGHI, S.J.; FLOSS, P.A. Estrutura Populacional de Ocotea porosa (Lauraceae) em uma Floresta Ombrófila Mista, em Caçador (SC). Ciência Florestal, v. 9, n. 1, p. 89-101, 1999.

- DAROS, T.L. Sistema Reprodutivo e Estrutura Genética de uma População de Imbuia (Ocotea porosa (NEES & MART.) Barroso-Lauraceae). Dissertação. : Universidade Federal do Paraná, 2006.

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Como citar

CNCFlora. Ocotea porosa in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Ocotea porosa>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 09/04/2012 - 12:50:03